Ecos da Mentoria
- Paula Negri

- 28 de out.
- 2 min de leitura
Tenho mergulhado nas sessões de mentoria e vivido sentimentos valiosos. Em cada encontro, uma mesma pergunta ecoando na minha cabeça: será que faz sentido continuarmos focando no trabalho apenas pelo que ele promete nos dar no futuro — promoções, crescimento, ganhos — enquanto esquecemos de buscar sentido e alegria no que fazemos no presente? Essa busca pelo “amanhã” tem colocado muita pressão sobre nossos ombros e, no meio disso, o ambiente onde atuamos tem se tornado cada vez mais tenso e complexo.
Um exemplo desse movimento que tenho percebido (talvez uma consequência da infelicidade corporativa?) é que, diante dessa pressão, o ambiente de trabalho virou uma espécie de terreno minado. Hoje, vejo vários profissionais recebendo o feedback de “agressivos” — por se posicionarem em busca de um trabalho com qualidade e acabativa. Pedir pelas entregas virou algo quase proibido, e fazer o próprio trabalho direito parece um desafio. Algumas pessoas me dizem que não conseguem falar sobre o que falta em seus times sem medo de serem mal interpretadas. A linha entre ser assertivo e inadequado está cada vez mais tênue, o que sufoca o diálogo aberto, fundamental para que trabalhos e relações prosperem.
Quando a cultura prega relacionamento e colaboração, mas não abre espaço para conversas francas sobre expectativas e resultados, os desalinhamentos se iniciam. E quem tenta agir com clareza e objetividade, muitas vezes, acaba sendo rotulado. Isso mina não só a confiança, mas também o engajamento das pessoas, que se sentem inseguras para serem transparentes e buscar soluções juntas. Não sabem mais se cabem nessa nova onda da “cultura do relacionamento”.
No meio desse cenário, é fácil focar apenas nas próprias dificuldades e esquecer que cada pessoa no time carrega suas próprias vulnerabilidades e necessidades de suporte. Uma escuta atenta e um olhar para o outro podem ser o ponto de partida para resgatar a confiança e a colaboração. Construir um ambiente em que se possa cobrar, apoiar e, simultaneamente, cuidar do lado humano é o grande desafio — e a grande oportunidade. Não precisa ser relacionamento ou resultado. Um fator não deixa de existir só porque o outro se faz necessário também.
Essas mentorias me fizeram refletir sobre como a felicidade, a autenticidade e o bem-estar podem estar no presente, na forma como nos relacionamos e navegamos pelos desafios diários, sem perdermos a nossa essência e nos sentirmos inadequados. Talvez, mais do que "medicamentos" rápidos para aliviar tensões, precisemos investir em mais verdades para transformar de dentro para fora o jeito como trabalhamos e nos conectamos. Entender a intenção e o jeito do outro e acreditar nelas é urgente!




Comentários